Uma carta pra ela

Hoje eu te vi na rua e senti algo tão estranho. Pela primeira vez após o término ficamos perto um do outro. Não sei se me viu, mas eu fiquei te olhando por um bom tempo. Engraçado como a gente passa a observar mais, depois que o outro alguém vira algo intangível. O costume de te ter sempre comigo e pensar que você seria sempre tão boba  ao ponto de nunca descobrir as tantas mentiras que contei, me fizeram deixar de enxergar a pessoa que você  é. A beleza da sua simplicidade, do falar, do caminhar, do agir, do amar. A forma como você se mostrava tão entregue à nós dois. Tudo isso estava bem na minha frente, e eu não  sei por que diabos eu só conseguia pensar em mim, e no que eu acreditava ser prazeroso: umas conversas escondidas aqui, encontros que terminavam sempre em bons amassos, um bar, mulheres, mulheres e mulheres. Acreditava que esse era meu instinto, um famoso “matador”.

Mais tarde, descobri que tudo o que eu acreditei, era uma grande mentira. E que nesse jogo todo eu era um imbecil. Você  era tão  fácil  de se lidar, e eu só  conseguia te colocar defeitos pra achar uma justificativa para os meus erros estúpidos. Você era amável, doce, querida por todos que te conheciam, se esforçava no trabalho, na faculdade, sempre arrumava tempo pra visitar quem você amava, e sempre me queria por perto. Até  que tudo começou a desabar, e eu não conseguia ver. Você descobriu uma coisa aqui, outra ali, e mesmo se esforçando  pra não me deixar, eu não  dei valor. Cara, que babaca eu fui!

Até  que…

Até  que você cansou. Nossa conversa foi demorada, eu tentei te convencer a não  prosseguir com a ideia, mas no fundo, eu não  estava nem aí. Se me perdoasse, eu cometeria todos os erros de novo, reconheço. Infelizmente, precisei perder. E que perda, viu?! 

Demorei uns 2 meses pra perceber o tamanho da falta que você me faz. Liguei, você não atendeu. Me bloqueou nas redes sociais. Não quis saber mais de mim. E eu só conseguia amontoar a saudade na prateleira, na esperança que você viesse tirá -la desse antigo eu. Hoje ao te ver, só  consegui reafirmar o que eu pensava: eu perdi a mulher da minha vida. Agora, só  me resta remoer minha dose de culpa, reconfigurar minha vida, e tocá-la pra frente de forma que me leve a qualquer caminho que não cruze o seu. Pra que essa sensação de falta suma. Pra que eu me perdoe. Pra que eu não necessite mais de um pouco do acaso pra inalar seu cheiro que toma conta até hoje do meu travesseiro. 

Deixe um comentário